‒ “Vou, nobre Senhora minha, à cidade, ao bairro de Tlaltelolco, ouvir a santa missa que nos celebra o ministro de Deus e súdito seu”.
‒ “Fica sabendo, filho muito querido, que eu sou a sempre Virgem Maria, Mãe do verdadeiro Deus, e é meu desejo que me erijam um templo neste lugar, de onde, como Mãe piedosa tua e de teus semelhantes, mostrarei minha clemência amorosa e a compaixão que tenho dos naturais e daqueles que me amam e procuram; ouvirei seus rogos e súplicas, para dar-lhes consolo e alívio; e, para que se realize a minha vontade, hás de ir à cidade do México, dirigindo-te ao palácio do bispo que ali reside, ao qual dirás que eu te envio e que é vontade minha que me edifique um templo neste lugar; referirás quanto viste e ouviste; eu te agradecerei o que por mim fizeres a este respeito, te darei prestígio e te exaltarei”.
‒ “Já vou, nobilíssima Senhora minha, executar as tuas ordens, como humilde servo teu”.
‒ “Minha muito querida Rainha e altíssima Senhora, fiz o que me mandaste, e, ainda que não pudesse entrar a falar com o senhor bispo senão depois de muito tempo, comuniquei-lhe a tua mensagem, conforme me ordenaste; ouviu-me afavelmente e com atenção; mas, pelo seu modo e pelas perguntas que me fez, entendi que não me havia dado crédito; portanto, te peço que encarregues disso uma pessoa nobre e de importância, digna de respeito, e em quem se possa acreditar; perdoa, minha Rainha, o meu atrevimento, se me afastei do respeito devido à tua grandeza; que eu não tenha merecido tua indignação, nem te haja desagradado minha resposta”.
“A Santíssima Virgem insiste com Juan Diego. Este volta ao bispo e este exige um sinal da aparição. Volta o índio e Nossa Senhora manda que volte no dia seguinte, ao mesmo local, que Ela satisfaria o desejo do bispo; mas Juan Diego, precisando chamar o sacerdote para seu tio, que adoecera gravemente, e desvia-se do caminho combinado, certo que a Santíssima Virgem não o veria.
Mas eis que Nossa Senhora aparece-lhe noutro local. “Aonde vais, meu filho, e por que tomaste este caminho?”
Juan Diego: “Minha muito amada Senhora, Deus te guarde! Como amanheceste? Estás com saúde?... Não te agastes com o que te vou dizer: está enfermo um servo teu, meu tio, e eu vou depressa à igreja de Tlaltelolco, para trazer um sacerdote para confessá-lo e ungi-lo, e, depois de feita esta diligência, voltarei a este lugar, para obedecer à tua ordem. Perdoa-me, peço-te Senhora minha, e tem um pouco de paciência, que amanhã voltarei sem falta”.
“Nossa Senhora ordenou-lhe colher flores para o bispo. Embora fosse um local ermo e pedregoso, num dia de inverno, S Juan Diego subiu fielmente ao morro e ali achou roseiras em plena formação. Ele as colheu na sua “tilma” ou “ayate” (espécie de poncho de fibra vegetal) e as levou para o bispo.
“Quando abriu a “tilma” as rosas caíram, e o bispo Zumárraga e todos os presentes ficaram atônitos. Do pasmo passaram para a emoção vendo que na humilde “tilma” estava impressa uma imagem da Santíssima Virgem, mestiça e de indescritível beleza. Então todos caíram de joelhos...”
O milagre de Guadalupe: a ciência não encontra explicações
Orozco, que também é especialista no manto da Virgem, falou em Phoenix, EUA, no 1º Congresso Internacional Mariano sobre a Virgem de Guadalupe, informou a agência ACI.
O especialista disse que “todos os tecidos similares a do manto que foram colocadas em ambientes úmidos e salinos como o que rodeia a Basílica, não duraram mais de dez anos”.
Em 1789 fora pintada uma cópia a imagem de Guadalupe. “Essa imagem foi feita com as melhores técnicas de seu tempo, era formosa e estava feita com um tecido bastante similar a do manto original. Além disso, também estava protegida com um vidro desde que foi exposta”, indicou.
Entretanto, “oito anos depois, essa cópia teve que ser desprezada porque estava perdendo as cores e as fibras se estavam rompendo.
Em contraste – acrescentou Orozco – o manto original vem sendo exposto há116 anos sem nenhum tipo de amparo, recebendo todos os raios infravermelhos e ultravioletas de dezenas de milhares de velas que estavam perto dela”.
Uma das características mais interessantes do manto, prosseguiu, "é que a parte de trás do tecido é rugoso e pouco liso; enquanto que a parte de adiante (onde está a imagem de Guadalupe) é 'tão suave como a seda' como assinalavam os pintores e cientistas em 1666; e confirmou quase cem anos depois, em 1751, o pintor mexicano Miguel Cabrera”.
O manto de São Juan Diego é feito de fibras de agave (da mesma família botânica que produz o sisal e a iúca, foto embaixo).
O Dr. Orozco relatou mais dois fatos sem explicação científica ligados à conservação da imagem.
O primeiro ocorreu em 1785 quando um trabalhador acidentalmente derramou um líquido que continha um 50% de ácido nítrico na parte direita do tecido.
“Está fora do entendimento natural o fato que o ácido não tenha destruído a malha; e que ademais não danificasse as partes coloridas da imagem”, precisou.
O segundo relaciona-se com a explosão de uma bomba perto do manto em 1921. A bomba explodiu a 150 metros da imagem e destruiu todos os vidros nesse raio.
Agave: de uma pé semelhante foi tirada a fibra do manto de São Juan Diego
Entretanto, explicou o perito, “nem o manto nem o vidro comum que a protege foram danificados ou quebrados”. O único afetado foi um Cristo de ferro que terminou dobrado.
“Não há explicação para o fato que as ondas expansivas que romperam os vidros a 150 metros ao seu redor não destruíram o que cobria a manto. Alguns dizem que o Filho, com o crucifixo que sim foi afetado, protegeu a imagem de Sua Mãe. O certo é que não temos uma explicação natural para essa ocorrência”, concluiu.
A Virgem de Guadalupe:desafio à ciência moderna
No dia 9 de dezembro de 1531, na cidade do México, Nossa Senhora apareceu ao nobre índio Quauhtlatoatzin — que havia sido batizado com o nome de Juan Diego — e pediu-lhe que dissesse ao bispo da cidade para construir uma igreja em sua honra.
Juan Diego transmitiu o pedido. O bispo exigiu alguma prova. Então Nossa Senhora fez crescer flores numa colina semi-desértica em pleno inverno, as quais Juan Diego devia levar ao bispo.
Este o fez no dia 12 de dezembro, acondicionando-as no seu manto. Ao abri-lo diante do bispo e de várias outras pessoas, verificaram admirados que a imagem de Nossa Senhora estava estampada no manto.
O interesse da ciência começou na hora de investigar como é possível que o manto de Juan Diego se tenha conservado até hoje. Esse tipo de manto, conhecido no México como tilma, é feito de tecido grosseiro, e deveria ter-se desfeito há muito tempo.
No século XVIII, pessoas piedosas decidiram fazer uma cópia da imagem, a mais fidedigna possível. Teceram uma tilma idêntica, com as mesmas fibras de maguey da original. Apesar de todo o cuidado, a tilma se desfez em quinze anos.
O manto de Guadalupe tem hoje 477 anos, portanto nada deveria restar dele.
Uma vez que o manto (ou tilma) existe, é possível estudá-lo a fim de definir, por exemplo, o método usado para se imprimir nele a imagem.
Em 1936, o bispo da cidade do México pediu ao Dr. Richard Kuhn que analisasse três fibras do manto, para descobrir qual o material utilizado na pintura.
Para surpresa de todos, o cientista constatou que as tintas não têm origem vegetal, nem mineral, nem animal, nem de algum dos elementos atômicos conhecidos.
“Erro do cientista” — poderia se objetar. Mas o Dr. Kuhn foi prêmio Nobel de Química em 1938. Além do mais, ele não era católico, mas de origem judia, o que exclui parti-pris religioso.
No dia 7 de maio de 1979 o prof. Phillip Serna Callahan, biofísico da Universidade da Flórida, junto com especialistas da NASA, analisou a imagem. Desejavam verificar se a imagem é uma fotografia.
Resultou que não é fotografia, pois não há impressão no tecido. Eles fizeram mais de 40 fotografias infravermelhas para verificar como é a pintura. E constataram que a imagem não está colada ao manto, mas se encontra 3 décimos de milímetro distante da tilma.
Verificaram também que, ao aproximar os olhos a menos de 10 cm da tilma, não se vê a imagem ou as cores dela, mas só as fibras do manto.
Talvez o que mais intriga os cientistas sobre o manto de Nossa Senhora de Guadalupe são os olhos dela. Com efeito, desde que em 1929 o fotógrafo Alfonso Marcué Gonzalez descobriu uma figura minúscula no olho direito, não cessam de aparecer as surpresas.
Os olhos da imagem são muito pequenos, e as pupilas deles, naturalmente ainda menores. Nessa superfície de apenas 8 milímetros de diâmetro aparecem nada menos de 13 figuras!
José Aste Tonsmann, engenheiro de sistemas da Universidade de Cornell e especialista da IBM no processamento digital de imagens, dá três motivos pelos quais essas imagens não podem ser obra humana:
• Primeiro, porque elas não são visíveis para o olho humano, salvo a figura maior, de um espanhol. Ninguém poderia pintar silhuetas tão pequenas;
• Em segundo lugar, não se consegue averiguar quais materiais foram utilizados para formar as figuras. Toda a imagem da Virgem não está pintada, e ninguém sabe como foi estampada no manto de Juan Diego;
• Em terceiro lugar, as treze figuras se repetem nos dois olhos. E o tamanho de cada uma delas depende da distância do personagem em relação ao olho esquerdo ou direito da Virgem.